quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Before I Wake

Direção: Mike Flanagan, 2016.
Before I Wake virou O Sono da Morte em sua tradução para o Brasil, e é mais um filme de terror que pode decepcionar muita gente. O longa conta a história de um casal, Jessie (Katie Bosworth) e Mark (Thomas Jane), que após perderem seu único filho, decidem adotar um garoto, Cody (Jacob Trembley). Esse garotinho possui um certo poder especial, que faz os seus sonhos, ou pesadelos, se tornarem reais, e mortais. Aos poucos, as coisas vão saindo do controle e é preciso saber mais sobre o passado de Cody para lidar com tudo isso.

O filme está sendo divulgado como terror, mas será que é isso mesmo? O roteiro possui algumas camadas bem dramáticas, mas o tom de fantasia gerado a partir do poder especial do garoto acaba possibilitando a realização de terror com jump scare ou cenas perturbadoras, o que eu achei bem interessante tentar mesclar esses tons de drama e terror no longa. Porém, mesmo gostando bastante do diretor Mike Flanagan (o mesmo de Oculus, 2013, e Hush, 2016), ele acaba deslizando em algumas coisas, principalmente no ato final. Fora isso, Mike conduz bem o projeto, acertando muito nas partes de terror e horror e na transição entre sonho e realidade. Ponto positivo para a maioria das cenas do "monstro" do filme, que embora alguns jump scares fossem bem óbvios, algumas coisinhas te agozinham um pouco. 

      O grande problema do filme está no ato final, mas não é apenas culpa do diretor. Existem outros profissionais que possam ter contribuído com isso, e creio que parte do elenco e dos roteiristas ajudaram bastante aqui. Para quem viu Room (2015) sabe que Jacob Trembley é um grande nome entre os atores infantis, e aqui ele não dá novamente um show porque o roteiro não ajuda em nada, e principalmente porque seus colegas de trabalho não tem expressão alguma. Katie e Thomas fazem um casal de luto, mas tão de luto que até os espectadores ficam tristes pela falta de carisma e sintonia dos dois. E o roteiro... Tem filmes que uma lição no final se encaixa bem, né? Aqui foi tudo por água abaixo. Alguém dormiu escrevendo os últimos minutos e matou o filme. Para quem viu The Babadook (2014), há no final uma mensagem muito interessante mas que deixa aberto a interpretações; já aqui tudo é muito bem explicado, como se o espectador fosse incapaz de compreender com a narrativa do filme, e a cada frase que alguém falava era uma revirada de olho. Acho que nos dez minutos finais eu acabei me expressando mais do que o casal principal. 

      (ALERTA SPOILER) No clímax, quando Cody está dormindo e tendo pesadelos, Jessie tem que enfrentar o monstro, chamado de Homem Cancro (que original). Antes de tudo isso, Jessie investiga o passado de Cody, cuja mãe morreu e gosta muito de borboletas, e nessa investigação ela descobre uma caixa com objetos da mãe, onde tem uma borboleta de pano. Enfim, Jessie leva essa borboleta consigo, e quando finalmente encontra o Homem Cancro, que tem uma aparência horrível, numa pele cor marrom esverdeada, careca, magro e com profundas olheiras, a moça entrega a digníssima borboleta de pano e abraça o monstro. Ainda no clímax, descobrimos que a mãe do Cody morreu de câncer (oooh!) quando ele era muito novo, e não consegue lembrar muito de sua aparência, mas em sua última visita ao hospital ela estava muito fraca, careca, magra e com olheiras. Pouco antes de acabar aparece o He-Man e diz que os verdadeiros monstros estão dentro da gente e precisamos lutar para vencê-los. A parte do He-Man é mentira, mas a mensagem é essa. Linda, mas não desceu para mim justamente por quebrar com o clímax do filme. 

      O Sono da Morte é um drama com tons de terror e fantasia que possui um clímax desastroso, com uma mensagem bonita mas num tom e no filme errado, e com um elenco lamentável, exceto Trembley. Possui um horror e terror bacanas, mas peca em tantas outras coisas que talvez não valha muito a pena.

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