domingo, 10 de janeiro de 2016

Spotlight

Direção: Tom McCarthy, 2015.
Um drama investigativo baseado numa história real. O filme conta a história de um grupo de jornalistas de Boston que busca descobrir e denunciar casos de pedofilia dentro da Igreja Católica. O caso aconteceu em 2002, mas desde décadas atrás existiram denúncias contra membros da Igreja, que acabaram sendo abafados, não ganhando destaque algum. Essa equipe investigativa, denominada “Spotlight”, é vinculada ao jornal “The Boston Globe”, e acaba descobrindo milhares de documentos a partir desses casos abafados, além de outras pesquisas e entrevistas com pessoas ligadas aos casos.

A equipe “Spotlight” é pequena, mas tem um elenco de peso, com Michael Keaton, Mark Ruffalo e Rachel McAdams como jornalistas principais. Ótimas atuações de todo o elenco, cada um com suas peculiaridades e personalidades: Keaton faz o líder da equipe, com mais experiência no campo; Ruffalo faz o jovem jornalista sonhador e empolgado com o trabalho; McAdams faz uma ótima profissional, um meio termo entre os dois anteriormente mencionados. Aqui, o trunfo do filme é realmente o roteiro. Por ser um drama investigativo, o longa conta com muitos diálogos, descobertas, pesquisas, entrevistas, etc. Não é algo divertido, cômico ou algo do gênero, mas sim uma investigação com descobertas muito relevantes e um tema que nos impacta e é muito atual. São duas horas baseadas nisso, o que pode parecer ser algo monótono e cansativo, mas cada descoberta tem um peso grande e o quebra-cabeça montado é gigantesco.


Inevitável não falar da crítica à Igreja Católica. Não há crítica na fé de cada um, na religião, nos Deuses, mas sim nas pessoas que compõe essa Igreja, que acoberta os crimes, na hierarquia do clero, na sociedade que é enganada com tudo isso. Vemos que a pedofilia na Igreja não são casos isolados ou “maçãs podres”, mas sim algo constante e passível de estatísticas assustadoras. Vemos os jornalistas que tentaram investigas os casos antes, mas que a Igreja conseguiu os calar de algum modo. E vemos, finalmente, a investigação que ligou todos os pontos, que pegou “casos isolados” e juntou-os, mostrando ao mundo o quão suja é a Igreja o que ela faz para acobertar a pedofilia. E o pior de tudo: é real. E o longa não trata os jornalistas como heróis nem algo do tipo, apenas profissionais com uma gana muito forte em juntar as peças, e que acabam tendo várias dificuldades para chegar ao fim, assim como acontece na vida real. O filme nos mostra os dilemas e os empecilhos na vida de um pesquisador, investigador e jornalista. Com uma grande direção, ótimas atuações e um roteiro impecável, é uma forte indicação aos prêmios da academia. Nota dez para Spotlight, merecidamente. 

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