Direção: Michael Almereyda, 2015. |
Um
filme biográfico sobre o psicólogo Stanley Milgram. O filme conta a história, a
partir da década de 1960, de Stanley Milgram (Peter Sarsgaard), um psicólogo
formado em Yale reconhecido por pesquisas e testes de obediência. O mais
conhecido desses experimentos é constituído por três pessoas, uma aleatória e duas que integram a equipe pesquisadora. É um teste de obediência à autoridade, onde temos um integrante da equipe como o criador do teste, outro
integrante como o “aluno”, e o sujeito aleatório como “professor”. O teste
consiste em o “professor” ler para o “aluno” alguns pares de palavras, um
substantivo seguido de adjetivo, de uma vez, e depois ler apenas uma palavra e
o “aluno” tem que completar com a outra palavra, basicamente um teste de
memória, e a cada erro o “aluno” leva um pequeno choque de 45 volts que vai
aumentado de erro em erro. O “aluno”, sendo integrante da equipe pesquisadora,
não leva choque algum, apenas emite sons de dor para que o “professor” pense
que é real, pois cada um está em uma cabine e não se veem, e quem aplica os
choques é o próprio “professor”. Então há esse dilema: o sujeito continuará
aplicando os choques no “aluno” mesmo com os gritos de dor, obedecendo assim o
pesquisador chefe, ou ouvirá mais os gritos de dor e não aceitará a
continuidade da pesquisa? Além desse experimento, há outros testes comportamentais e de obediência que o filme nos mostra, alguns antiéticos e controversos.
Peter
Sarsgaard narra a história do psicólogo para o público, quebrando a quarta
parede o filme todo, com muitas explicações dos acontecimentos e algumas partes
mais técnicas da psicologia que o público não é obrigado a saber. Há ainda
algumas cenas com chroma key muito forte, mas propositalmente, parecendo algo caricaturesco
que remete à seriados e filmes da década de 1960, mas que são de certa forma
interessantes. É uma narrativa um pouco cansativa pelo excesso de explicação e a
quebra constante da quarta parede, que chega a incomodar um pouco. Em certa
parte do longa, considerei que poderia ser dirigido e protagonizado por Woody
Allen. Creio que o trunfo do filme não seja pelos aspectos técnicos, mas sim
pelas reflexões que esses experimentos nos trazem, acerca da filosofia,
psicologia, obediência, rebeldia e convívio social. Algumas respostas o filme
nos dá pela própria narração, infelizmente, pois Milgram escreveu um livro
sobre os resultados do experimento e nos responde algumas perguntas que ele
mesmo nos fez anteriormente. Porém, não deixa de ser um filme interessante e
que nos traz algumas reflexões necessárias sobre o ser humano, sua natureza e a
sociedade que nos envolve a cada dia. Considero um filme 8,5, muito por conta
dos aspectos de questionamento que nos apresenta.
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